terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Pfff...nem sei o que vim aqui fazer, não tenho nada de jeito para dizer, não me apetece abrir-me directamente com pessoas (nunca me foi mto fácil explicar verbalmente estados), mas deu-me vontade de escrever, talvez para tentar clarificar (dentro de mim e principalmente para mim) o que cá vai dentro. Não sei quem lê, com que olhos o faz e se sente alguma coisa, mas se não lerem não faz mal (cheira-me que vai ser longo e não vão aprender nada de novo garanto)..o importante é que eu o escreva, aqui vai:

(Estas Tonne a rolar, é soft, mas mexe com coisas -  sem nome -  cá dentro; Incenso de canela, porque é quase Natal e este cheiro acalma-me; semi-luz-amarelada que dá um ar acolhedor a este sótão  mega desarrumado; não, desta vez não tenho o belo do cálice de vinho do porto...troquei-o pelo chocolate, chamem-lhe carências ;/ ;) )

Amanhã é dia de consoada, vou passar a tarde e a noite a trabalhar...o que não me deixa triste, porque estou numa fase em que parece que não tenho nada para dar a ninguém e o facto de ir trabalhar faz-me sentir...útil?...Vou estar com pessoas que estão mal, algumas com os dias contados, não posso fazer nada por eles...mas vou tentar fazê-los sentir o momento presente (alguém percebe a importância de o sentir?), nem que seja só por meros segundos, olhá-los nos olhos e desejar-lhes um bom descanso e que estarei ali até o sol nascer se precisarem de alguma coisa. Há quem fique mais descansado com isso, há quem tenha medo da noite (do escuro, do desconhecido?) e nos chame constantemente sem explicar bem o que sente...e há aqueles que nem nos direccionam o olhar, aqueles que já desistiram de tudo. Queria ajudar as pessoas a morrer em paz. O que ando aqui eu a fazer? Porque á última da hora vim parar a esta profissão e aqui me mantenho? É possível ajudar alguém a morrer em paz? Se for digam-me como por favor.

Está quase a acabar este ano, faço um review do que aconteceu durante este que passou...2 acontecimentos saltam-me á vista: a descoberta e uma paixão.
 A descoberta e contacto com um 'mundo'...pfff..absolutamente indescritível que nunca sonhei que existisse e muito menos que eu tivesse oportunidade para o 'sentir'. As oportunidades criam-se...de facto...ás vezes é só dar o 1º pequeno passo e tudo se desenrola...portais?...Coisas inimagináveis para mim há pouco mais de um ano. Grata por 'me considerarem' digna de explorar mais, conhecer mais e assim aumentar também as minhas dúvidas em relação a tanta coisa... "O conhecimento é como um círculo...A borda é a fronteira com o desconhecido...Quanto mais aprendemos sobre o Universo, mais o círculo cresce e maior tb fica sua borda...De forma que quanto mais conhecemos, maior é a fronteira com o desconhecido...Assim, quanto mais sabemos, mais desconhecemos também". Nó no cérebro?...Sim, mas vale a pena, o medo, a felicidade e os vómitos ;) Sempre me considerei muito ligada á Natureza (não, não sei distinguir um lagarto de um sardão, nem sei nomes científicos de nada), mas depois desta experiência ("louca" para alguns), e de durante este verão estar tantas vezes, que ainda assim me souberam a pouco, no monte e nos rios, senti uma sintonia com árvores, água, animais e humanos, e uma paz que também não vou saber descrever...mas que me soube pela vida.
Apaixonei-me, afinal não estava transformada numa pedra. Conheci alguém por quem me apaixonei de tal modo que me esqueci de mim. Sim é uma merda quando te esqueces de ti, mas é brutal quando percebes que ainda há pessoas que te fazem tremer as pernas e o coração. Uma paixão não correspondida, one more time?...Ainda não percebi se me apaixono por pessoas "erradas" ou se tenho tendência para gajos inconstantes e com o coração fechado...o que me faz pensar...será que esta minha tendência quer dizer que eu no fundo não quero mesmo uma relação dita "séria" como eu acho que quero? Pfff...não sei...sei que não quero cair numa qualquer relação monótona e sem paixão só porque tenho quase 30 e quero ter filhos. Como diz um amigo meu "Não resultou? Ok, pelo menos já sabes o que queres numa pessoa e o que não queres, estás a aperfeiçoar os teus requisitos" Assim seja, quero alguém (não para mim, mas comigo) humilde, corajoso mas com medos conscientes, que adora, quer e tem jeito para crianças, que se questiona, que mergulha dentro de si mesmo e partilha coisas que muitos de nós nem sequer admitimos, sensivel a uma pessoa que precisa de ajuda e a uma estrela que rasga o céu, que me ouça com atenção e saiba como me fazer falar, que me perceba quando não falo (...:) ), que me ajude a conhecer-me melhor, que não seja picuinhas (não vou entrar pela negativa sn nao saio daqui...)...mas que seja observador, que seja sociavel qb, mas discreto, que tenha sensibilidade para uma qualquer arte, que me dê a mão e me ajude a enfrentar os meus medos e que me deixe fazer o mesmo com ele, que tenha vontade de viver e fazer coisas...e mto importante, iniciativa para as mesmas, falar não chega...que dê abraços 'daqueles' que não se explicam, que perceba o que quero dizer quando uso a palavra "energia"...entre possivelmente muitas outras coisas...mas acima de tudo isto, que haja paixão recíproca e (enquanto for para durar) que me dê segurança...só assim me é possível eu não me esquecer de mim. Acho que é isto que quero em relação a amores...oubiste Universo?! desta vez expliquei como deve ser...

E há outra dúvida que me tem visitado, ainda de uma maneira suave...ir ou ficar? Afinal nada é impossível...mas tenho de amadurecer isto e perceber o que quero e ao que estou disposta.
Para já, aperfeiçoar o contacto com a inner voice...

Chove lá fora...amh esperam-me 16h de trabalho e dps um almoço em família...está a ficar na hora de me deixar escorregar para o mundo dos sonhos com esta bela banda sonora natural...abraçada a mim*

Um Feliz Natal para vocês.





domingo, 8 de dezembro de 2013

"This is your one life. It would be a tragedy to never discover yourself.

You can’t discover yourself unless you look for yourself, so...  get lost." R.L.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

quinta-feira, 21 de novembro de 2013


Flowing...Staccato...Chaos...Lyrical...Stillness.
 
"... recebo a Terra pelos pés ... dou brilho às certezas...entrego-me á rendição...
repito as verdades...e desapareço em câmara lenta."  
Viagens...o poder dos olhos..o poder dos pés...o meu corpo descontroladamente livre...dois abraços de corpo e alma que estupidamente não prolonguei...
Quero mais.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ironia das ironias...depois de tudo isto, chego a casa, vou á janela e vejo uma estrela cadente a rasgar o céu...

O desejo foi lançado, é tempo de voltar a mim.

sábado, 9 de novembro de 2013

"I'm cinderella with a petrifying hangover and blinding headache. The sun´s killing me. I elbow my way through the pain and the memory of last night (or it was the night before??) and I face the mirror in a ragged t-shirt with a huge "NEXT" on the front."

V.Black.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Hoje, na minha cabeça, dancei com os sentimentos, e ri-me deles.

Quando te consegues distanciar de ti, mesmo que por meros segundos, apercebes-te do quão ridículas são algumas fases da tua vida.

Quando era miúda uma pessoa muito especial escreveu-me num papel: 
"Tenta conciliar o que dizes, com o que fazes e com o que sentes". 
Estou cansada de pessoas que só se ficam pela primeira.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Ontem, vendo um senhor com dispneia de esforço comentei "O senhor cansa-se facilmente" ao que ele me respondeu com um sorriso "Menina, eu já não tenho 20 anos...". O modo como ele me disse com aquele sorriso pacífico e encher-lhe o rosto e o quarto fez-me sorrir também, e aqueceu-me o peito encontrar no meio de tanta gente desanimada alguém que aceita a sua condição, "Já vivi muito do que tinha para viver". Em 10 min de conversa falou-me, por outras palavras do poder da intuição e das dádivas maravilhosas que temos neste mundo.
Depois de muita persistência consegui sacar um sorriso a um jovem tetraplégico que estava num dia cheio de nuvens...

E assim, há dias de trabalho que valem muito. *

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

"All of you is Sacred.

Forget about enlightenment.
Sit down wherever you are and listen to the wind that is singing in your veins. Feel the Love, the longing, and the fear in your bones.

Open your Heart to who you are, right now, not who you would like to be. Not the saint you’re striving to become. But the Being right here before you, inside you, around you.

All of you is Sacred.

You’re already more and less than whatever you can know.
            Breathe out, look in, let go.."

~J. Welwood
 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

 
"Here's what I'd like to propose: Maybe our purpose has nothing to do with what we do for a living. Maybe our purpose is really about living authentically and discovering who we really are.

The Shadow is the underbelly of your personality that you'd rather others not see. It represents your deficiencies, your failures, and your selfish drives. Most of us flee before anyone has the chance to see this side.

But here's the thing: the part of you that's darkest has the most to teach you about your purpose. If discovering your purpose is really about self-discovery, your darkness shows you where you most need to grow.

More importantly, it shows you from whom you most need to learn. And it's the people you like least who have the most to teach you about yourself.
But most ignore the dark side. Instead, you seek comfortable relationships that reinforce worn, stale images of yourself."

~Shelley Prevost

domingo, 27 de outubro de 2013

Pfff...descrição perfeita...*

O que te posso dizer é que aos poucos fui descobrindo que a gente se encontra com os outros para além das palavras: que há encantamentos que nascem dos gestos, que é preciso pô-los em comum e que isso pode despertar vibrações desconhecidas que a sexualidade apenas revela. É pena que quase sempre se fique por aí. Às vezes penso que o desejo é um artifício da natureza para nos ligar aos outros enquanto não descobrimos que é preciso aproximarmo-nos deles com uma outra e maior entrega do que somos e do que temos.

António Alçada Baptista
in "O Riso de Deus"


"Os dois estão convencidos
de que foi um sentimento súbito o que os juntou.
É bela uma certeza como essa,
Mas é mais bela a incerteza.

Acham que por não se terem conhecido antes
nunca houve nada entre eles.
E o que diriam as ruas, escadas, corredores,
Onde há muito podiam se cruzar?

Queria perguntar-lhes
Se não se lembram -
Na porta giratória talvez
Um dia cara a cara?
Em meio à multidão um 'com licença'?
No telefone a voz - engano?
- mas conheço sua resposta.
Não, não se lembram.

Ficariam surpreendidos de saber
Que já faz tempo
O acaso brincava com eles.

Não preparado ainda
a transformar-se para eles num destino,
aproximava-se e os afastava,
cortava-lhes o caminho
e, abafando a gargalhada,
saltava para o lado.

Houve sinais, signos, só que ilegíveis.
Talvez há três anos atrás
ou na terça-feira passada
certa folha voou
de um ombro para o outro?

Houve algo perdido e recolhido
Quem sabe, uma bola
já no bosque da infância.

Houve maçanetas e campainhas,
em que antes
já o toque se punha no toque.
As malas lado a lado no depósito de bagagem.
Talvez, numa certa noite, o mesmo sonho
Apagado imediatamente depois de acordar.

Pois cada princípio
é apenas uma continuação,
e o livro de eventos
sempre aberto no meio."

 
Wislawa Szymborska

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

"As tuas mãos nas minhas. O incrível miraculoso de eu dizer o teu rosto. O ardor de um meu dedo na tua pele. Na tua boca. O terrível dos meus dedos nos teus cabelos. O prazer horrível até à morte da minha entrada no teu corpo. "

Vergílio Ferreira
in Cartas a Sandra

"Nos rios, a água em que tocas é a última da que passou e a primeira da que está para vir: assim é o tempo presente. A vida se for bem passada é longa."

Leonardo da Vinci.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013






"Nowhere is a person's "stuff" more likely to show up than in an intimate relationship. Closeness requires vulnerability, and for some people, tearing down those walls can be very scary. Protecting your heart may be something you've needed to do, but if you want someone to really know you, you're going to have to stand there, naked. With all your beauty and all your pain. Because if you edit stuff out, or push things down, you'll understand in your heart your partner doesn't really know you. If you want to be seen, you have to be willing to show yourself. And in order to create something healthy with someone else, you really need to know yourself, too. Otherwise how can you articulate what's true for you? What lights you up, or scares you, what you need or want in your heart of hearts? And how can you be accountable when your stuff comes up, which it will? The ability to recognize what is yours is vital so you can apologize when you need to, so you can explain yourself clearly, so you can work on those areas that may be holding you back, that's one of the huge gifts of relationship. That's the path to true intimacy. Infatuation is easy, intimacy is hard. There are no winners when you and the person you love are in pain. You protect your ego, or you protect the relationship. If you want to truly love, that requires your vulnerability, and it takes guts to be naked like that."
~ Ally Hamilton

terça-feira, 15 de outubro de 2013

"Põe-me o braço no ombro
eu preciso de alguém
dou-me com toda a gente
e não me dou a ninguém
frágil
sinto-me frágil

Faz-me um sinal qualquer
se me vires falar demais
eu às vezes embarco
em conversas banais
frágil
sinto-me frágil

Frágil
esta noite estou tão frágil
frágil
já nem consigo ser ágil

Está a saber -me mal
este Whisky de malte
adorava estar "in"
mas estou-me a sentir "out"
frágil
sinto-me frágil

Acompanha-me a casa
já não aguento mais
deposita na cama
os meus restos mortais
frágil
sinto-me frágil"

                                       Jorge Palma

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

pic by Coachella
-"E depois?"
-" Depois não, foi o início...
...Então, ela estava sozinha no café, a ler, como sempre, para ela não havia melhor companhia que um bom livro, era meia solitária...mas sentia-se bem assim. Fumava, entre o desfolhar das páginas ásperas e as pausas entre frases que a faziam viajar... parava, olhava lá para fora (chovia lá fora) e repetia na sua cabeça o que tinha lido e interpretava-o e transportava-o para a sua vida que ora achava monótona, ora complicada de mais. E esse livro que ela estava a ler era daqueles que mexem tanto por dentro que não apetece nunca que cheguem ao fim (ela tinha uns quantos por acabar...), e aquele capitulo, em especial estava a ser arrastado...porque, como ela dizia, era orgásmico perder-se no sabor de cada palavra. Entre as viagens, as páginas ásperas, o café e os cigarros caiu-lhe o isqueiro ao chão. Ele ía a passar e apanhou-o, ao levantar-se, devagarinho olhou para a capa do livro, reconheceu-o e sorriu-lhe. Entregou-lhe o isqueiro, ela retribuiu o sorriso e agradeceu. Durante uns segundos ficaram assim, ele hesitou na sua caminhada até á mesa do lado e ela no desviar o olhar de novo para as páginas de papel reciclado. -"Bom livro esse" - conseguiu ele dizer. -"Já leste?"- respondeu ela. Daquelas perguntas que podem dar azo a uma conversa, e assim foi, mais uns minutos de pé até ela dizer -"Podes-te sentar, se quiseres". E conversaram sobre livros, histórias e contos, até o sol se pôr.
 -"E depois?!"
-"Eh eh..agora sim, podes perguntar isso. 
Depois combinaram café para o dia seguinte, e o seguinte, e o seguinte...e conversávam. E ele fazia-a rir, e ela não precisava de usar muitas palavras para ele a perceber. E ela não esperava nada dele e ele não esperava nada dela...e a descoberta, a cada dia, a descoberta era doce e empolgante como as palavras daquele livro que eles tinha lido. Tinham alguns gostos em comum, a música essencialmente e vibravam com outras coisas que o outro desconhecia, mas rapidamente passou a conhecer. E mostravam-se, e tinham sede de descoberta, de descobrir o mundo. A eles, um ao outro, descobriam-se devagarinho...sem pressa e com intensidade...cada recanto da alma e do corpo. É como se ainda os estivesse a ver agora...ás vezes pareciam duas crianças... agachados ao lado de uma estrada a olhar para as cores tipo arco-íris que o óleo deixa no alcatrão molhado, ficavam eternidades a admirar coisitas que me eram tão banais que nem nelas reparava. Brincavam com bolas de sabão, seguiam e ficavam a admirar o comportamento de alguns insectos que repugnam a maioria das pessoas, na rua ou no lixo da rua encontravam sempre algo que acabavam por transformar em coisas úteis ou obras de arte, para chamar um ou outro atiravam pedrinhas á janela e até tinham um assobio comum que reconheciam de imediato. 
Lembro-me numa madrugada de chuva, estavamos os três sentados em silêncio numa paragem de autocarro (parámos um pouco no caminho para casa após uma noite de copos) a ouvir a água que batia suavemente na vidraça daquele casebre temporário. (Aprendi com eles a saborear essas pequenas grandes dádivas do dia-a-dia.) Ele levantou-se, olhou-a nos olhos e estendeu-lhe a mão, ela sorriu, deu-lhe a mão e seguiu-o...foram para o outro lado da estrada, havia árvores e uma clareira, onde caía a chuva, para onde a levou. 
(Vês esta pele de galinha?!...quando me lembro disso ainda me arrepio...)
De mãos dadas, a mão dela no ombro dele, a dele nas costas dela, e suavemente os corpos, próximos, começaram a balançar em sintonia, a chuva, a dança e a música que lhes vinha do coração e só eles ouviam. Houve magia, cumplicidade, amor, paixão e eternidade naqueles minutos..."

sábado, 5 de outubro de 2013

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

The angel and the devil are fighting in my shoulders...
the problem is...
my head is in the middle.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Despi-me. Está na hora de me voltar a vestir.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

"Sou uma fera ferida, se me queres, vai-me mantendo viva."


Ou me perdes ou corres os riscos de me dares alimento. Tens poder de escolha.

Isto é um jogo com tantas regras e eu não me consigo lembrar delas todas ao mesmo tempo...
Ando numa apatia que não me matará, mas vai-me moendo hora a hora e deixa que os dias passem por mim sem me sentir neles.
Apetece-me sentir viva, sentir vida. Não tenho estado em mim e não sei onde me encontro. Onde está o agora que não o sinto? Só por meros minutos em que ponho play numa música recente que canto e canto porque mexe cá dentro, faz vibrar o corpo a cada nota do piano, porque me faz sentir. E é tão bom sentir.

Estou sozinha em casa e apetece-me estar com pessoas, estou com pessoas e apetece-me estar sozinha em casa.

Preciso de arranjar urgentemente uma forma de expressão e as palavras não me chegam, não as sei usar...saberei um dia? Encontrarei um dia a minha forma de ser? De simplesmente ser e não abafar tudo o que vai cá dentro?

Apetece-me e não me apetece.

Sei da única coisa que me tem apetecido ultimamente. Um abraço, daqueles silenciosos que me aconchegam por minutos que parecem eternos. Estou cansada das palavras.

"Say, you wanna know me
You wanna know me
And try to let it out

And try to let it out"

sábado, 24 de agosto de 2013





Não sei se me apetece adormecer e acordar daqui a uns meses ou simplesmente parar o tempo.
Hoje está escuro aqui, só o fumo do fogo mau me entra pelo quarto e pelo peito.
Apetece-me e não me apetece.
Está escuro aqui.
Abraças-me?

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um corpo quase inerte. Entre suspiros, uma respiração ruidosa de quem já não sabe se tem ainda força para se manter preso á linha da vida...uma vontade impotente de ajudar de algum modo, ou a viver ou a morrer em paz. Onde estás minha bolha protectora? Apeteceu-me deixar tudo e ficar só ali, ao pé dela.

O meu corpo, sentir o meu corpo. Cansado, solidário com o meu estado de espírito..cansado.

Juntam-se as talvez ilusórias loucura&magia, a paixão e a suposta estabilidade. Estou cansada. Vem outra vez aquela voz, apanha-me perdida em pensamentos que não sei dizer e pergunta-me "Hey! O que é que estás aqui a fazer?"  eu 'acordo' e volto a responder-lhe "Nada, absolutamente nada."

Fujo, vêem-me a fugir. Um banho quente, o meu pijama de cetim azul e o meu querido Jeff Buckley.

Adormeço na esperança que amanhã o vento tenha arrastado as nuvens.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Viagens II

30.05.2013

Estou a caminho, amanhã vou ter mais um encontro com ela. Vou-lhe pedir mais uma vez ajuda. Formulei a intenção que levo já há uns meses, mesmo sentindo que estou a melhorar nesse campo ao longo destes tempos...entretanto julgo que muitas coisitas se juntaram e foram acontecendo para me mostrar que eu ainda não estava curada  desse meu problema que julgava já estar a afastar-se...

Houve uma fase da minha vida em que vivi intensamente, amei (poderei chamar de amor?), mas sempre com medo, não consegui ser inteira. Sofri, arrastei-me algum tempo para aprender, finalmente a caminhar por mim em paz, e perceber que isso era possível...conquistei muita coisa..tornei-me numa pessoa mais independente, a apreciar a beleza de estar só comigo, mais confiante....mas ao longo dessa caminhada em que aprendi a estar comigo sem me sentir sozinha, sem eu me aperceber, foi-se construindo uma espécie de muralha á volta do meu coração que só percebi que existia quando alguém sem querer a derrubou. Fiquei exposta, nua, insegura. Tenho de aprender a caminhar de coração aberto.

31.05.2013
Chegou o dia. Só a partir do meio do dia senti o nervosismo chegar. Comboio, mochila ás costas, desta vez sozinha, em busca da quinta perdida. Depois de procurar um bocadinho dou com o nº do portão certo. Uma entrada para uma pequena floresta, árvores de um lado e outro indicam-me o caminho, não vejo ninguém, parece um jardim esquecido, algumas estátuas e coisas em ferro, velhas, parece um sitio esquecido pelo tempo e cheio de histórias para contar. Um espanta espíritos dá-me as boas vindas...mais á frente, a Malloca. Reconheço alguns rostos, estou no sitio certo.

Preencho o inquérito, assumo a responsabilidade e escrevo a minha intenção. Entrego-o, estou ansiosa como já não estava há muito, ela diz-me que não vale de nada, eu sei, mas não controlo. A entrevista foi rápida..e eu queria tanto conversar, aproveita aquele momento que é uma oportunidade quase única...mas as palavras não saem, não sei o que dizer, mais uma vez. Volto para o meu lugar, desta vez mais longe dos xamãs e do lado oposto ao anterior...espero conseguir levantar-me para não ter de ir de gatas até lá durante a cerimónia. A R. comprou um perfume feito pela xamã, disse-me para eu pôr um pouco que me iria acalmar...e o certo é que adormeci durante uma horinha. Estou mais calma. 
Estamos á espera que o sol se deite...e seja o que o Universo quiser.

Distribuíram os precisos aliados, os vasos. Entre 20, distribuídos aleatoriamente está o único branco que me calhou da outra vez...déjà vu?.. já não me sinto tão só;)

A sala está preparada, desta vez com mais rituais que da outra. Está na hora.
Intenção, recordar com todos os sentidos o seu sabor. Here we go...
Olhos, muitos olhos á minha volta, todos a olhar para mim, olhos de animais, pessoas, personagens de BD...ora isolados, ora todos juntos. Por duas vezes a longínqua sensação  de que poderia perder o controlo (gato escaldado...), tenho comigo água florida, parece milagre, volto ao primeiro esguicho. Animais muito trabalhados com peças pequeninas, brilhantes, coloridas, pedras preciosas...uma cobra...lindíssima. Ela na minha cabeça..faz-me esticar o pescoço para um lado e para o outro...suave, mas forte. Este movimento sempre que se repetiu terminou com a minha cabeça virada para baixo, para o chão, e lá estava um poço, negro, escuro, coisas feias. Pergunto-lhe "tenho mesmo de entrar aí?" Não me responde, resisto á curiosidade e ao medo, eu não queria entrar...e quando ficava escuro pedia-lhe luz, e ela dava-me. Numa fase muita informação, informação que achei importante e pensei "não me vou conseguir lembrar disto tudo!" E ela disse-me que eu não precisava de me lembrar, que ía ficar tudo registado, de algum modo, em mim. "E para que te queres lembrar? Para mostrar? Não interessa mostrar, não interessa contar, é para ti e vai ficar em ti" Numa outra fase muitos pensamentos contraditórios...muitos...Quando fui receber o ícaro vi uma menina de 2/3 anos no colo da G. Quando a E. começou a cantar baixinho vi como se fossem ervas longas e douradas a nascer, timidamente...e ondulavam debaixo de água de uma maneira suave e elegante. Num momento veio uma náusea mais forte, peguei no vaso e mantive-o no meu colo e o vaso era o tal poço negro debaixo de mim. A náusea passou.  Mais revelações que me deram que pensar...e que tenho ainda de repensar..será mesmo assim? A minha cabeça..era a de uma espécie de veado sem hastes...Algum reboliço na sala, ímpeto para ajudar..."deixa estar..não podes ajudar toda a gente". Mostrei-lhe um rosto, desenhei-o na perfeição com os olhos, primeiro sombras em cima dele que desapareceram, depois ela fez-me focar nos olhos, entrei nos olhos e vi outra vez o Universo, milhares de estrelas. Quando saí novamente pelos olhos, eles eram de um felino, um lince.
Como fazer? O que fazer? A minha intenção. De novo a frase "Só importas tu. Só tu. Tudo o resto é temporal.", ela disse-me "O tempo não existe, foca-te no agora, a cada momento. É tudo o que existe."
Vi-me inteira. 
Disse-me também que eu tb era responsável por espalhar energias más, quando partilho coisas más, sentimentos maus, meus, aqui no blogue, quem os lê fica de algum modo com essa energia, é influenciado pelo que lê. (pfff...faz todo o sentido, mas conseguirei eu deixar de o fazer? :/ )
Ao tirar e tentar arrumar os ganchos do cabelo na carteira chegamos á bela conclusão : ás vezes não é o grande que segura o pequenino, mas sim o pequenino segura o grande. Obrigada, chego ao fim a rir-me comigo e com ela desta brilhante lição.

Na partilha dizem-me: "Quando há um poço negro, se não há resposta á questão se é para entrar lá ou não e porque não é para entrar"

"O presente é um equilíbrio entre ser actor e espectador" disse a planta a um dos participantes.


01.06.2013
Desta vez começou pelo meu lado. Intenção. Bebi. Ainda não tinham apagado as luzes já estava a senti-la subir-me á cabeça, a visão a ficar turva. Pouco depois de apagarem as luzes senti que já estava a começar a perder o controle. Muitas coisas negras e feias á minha volta, escuridão, caveiras de pessoas e animais a olharem para mim. A purga. A purga que não vinha só do meu estômago, vinha de toda eu, enquanto vomitava via cobras e lagartos negros e viscosos a saírem da minha boca. Imediatamente após senti algum alívio que pouco depois se voltou a transformar em desespero, uma luta em vão para não ir para aquele sitio escuro, cheio e feio para onde ela insistentemente me arrastava.Pedi-lhe luz, mas não me deu. O corpo inerte, as minhas mãos dormentes e em formigueiro constante.Pensei pedir ajuda, respirava fundo para me tentar manter "cá", não queria chegar ao ponto em que cheguei na minha segunda cerimónia...voltei a inspirar  e pensei "amanhã não posso beber..." Negro, apercebi-me que alguém tinha pedido ajuda á xamã...eu também queria pedir..mas..."peço, não peço? não estou nada bem, mas há quem esteja pior..peço? não peço?" Negro. Negro. Sombras esvoaçavam pela sala..uma energia pesadíssima, a roçar no insuportável, á minha volta, em mim. Tinha medo que ainda piorasse mais. Depois de ela ajudar a outra pessoa, ainda meia a hesitar, chamei-a. Depois de sacudir um ramo de folhas nas minhas costas e no meu peito soprou-me. E quando soprou, vi-a como uma espécie de fada, lindíssima e pacífica, cheia de cores e o seu sopro era também cheio de cores, muitas e vivas.Inspirei o perfume da sua mão. Acalmou-me um pouco, fiquei mais focada, a planta continuava a mostrar-me coisas escuras...mas não tão fortes...e quando, finalmente, começaram os ícaros as visões começaram, lentamente, a ganhar cor. Encostei-me para trás, estava a acalmar...

Fiquei bem...e ria-me, a planta ria-se em mim e comigo...do meu desespero há minutos atrás. Os contrastes..como ela pode ser um terrível monstro e indescritivelmente maravilhosa. Como uma mulher absolutamente sedutora e extremamente perigosa...Como é tão difícil encontrar um equilibrio entre esta realidade e a realidade onde ela nos leva; e lá, um equilíbrio entre o negro e as cores...e com ela manter uma atitude humilde enquanto lhe tento dar indicações para o que quero que me ajude. Deixar-me ir...e manter o controlo. Um autêntico labirinto de linhas ténues...e eu que sempre fui tão desorientada!
Tentei estabelecer um diálogo com ela, mas não consegui, era como se estivesse a brincar comigo, uma criança inquieta...mostrava-me imagens e elas fluíam, ondulavam...plantas e água. Havia um monólogo meu. Numa fase era como se estivesse dentro de água, a água entrava-me pela boca e os meus pulmões estavam a adaptar-se a respirar dentro de água...com calma, sem sofrimento algum..uma nova etapa. Bocejei muitas vezes. Chegou a altura do meu ícaro...achei-o muito bonito, como um abraço que me acolhia e aconchegava.
Adormeço... focada nos pirilampos verdes a voar na noite escura,  estrelas cadentes no meio da floresta.


02.06.2013
Acabei agora, 2h antes da minha última cerimónia, de reler o livro que me escolheu naquela entediada tarde no quiosque do aeroporto. Ainda me falta uma, não sei o que me espera, mas já sinto vontade de repetir este encontro milagroso com esta poderosa e imprevisível mestre. Sim, ainda ontem á noite, pouco tempo depois de começar a cerimónia disse para mim mesma "amanhã não bebo", mas por mais fundo que se vá, no outro dia parece que tudo não passou de um sonho...ou de um pesadelo. É bom ir, mas é bom voltar. Amanhã volto para a minha vida dita "normal", com dois dias fundamentais de descanso antes de voltar á agitação e stress do trabalho. Espero estar com os pés assentes na terra, o coração aberto, cheio e seguro para enfrentar a vida lá fora e com a cura em processo em todas as minhas células. Ainda não acabou... mas quero já agradecer esta oportunidade maravilhosa de poder ir mais além, além de mim, além do que racionalmente conheço e vejo no dia-a-dia. Sentindo ou não, como a autora diz no livro, vou certamente com mais cura no corpo, espírito e coração.
Here we go...

21h
Ajoelhar, intenção, beber. Desta vez menos quantidade...uma noite mais suave para fechar o processo. Enquanto não apagam a luz fico a observar e sorrio por dentro quando vejo a "cara feia" que os xamãs fazem logo depois de beber, mesmo depois de tantas cerimónias...deve se mesmo impossível habituar-se àquele sabor. Começaram a cantar os ícaros pouco tempo depois..inicialmente em sopro..fica tão bonito, não sei pôr em palavras. Fechei os olhos para ver. Primeiro algumas imagens escuras, mas nunca completamente escuras...sempre com riscos e fios de cor que foram aumentando e acabando por colorir tudo o resto. Abri os olhos, senti o meu corpo a vibrar. Sentia-me bem. Não eufórica ou cheia de amor...sentia-me em paz. Apercebi-me que a xamã não estava bem...pedi á planta para ser mais branda com ela...pedi á fada para lhe ir soprar cores.
Estava mortinha que me chamassem para o ícaro. Levei a minha água de flores e mantive-me o mais atenta possível ao ícaro e tentei manter os olhos abertos..mas é tão bom estar de olhos fechados...Em alguns momentos vi luzes brancas a brilharem dentro do meu frasco de perfume. Ao regressar ao meu lugar fiquei extasiada a olhar para as árvores e o céu estrelado lá fora..que grandeza..que poder! Estava com muita vontade de ir lá fora sentir aquela paisagem deliciosa de mais perto..que na sala estava mesmo atrás de mim. Tinha de esperar pelo fim da cerimónia, sei que era perigoso e não queria correr o risco. Esperei. Enquanto ainda sentia o efeito dela em mim tentei novamente estabelecer diálogo que mais uma vez se transformou em monólogo...e pensei "bem..ajuda-me, mas não me tires os "filtros" senão vou ser uma grande chata". Os efeitos foram passando, fiquei a ouvir os ícaros e a observar o ambiente á minha volta. No final cantaram um para o outro..para se "limparem" suponho...há tanta coisa boa e má que não vemos com 'estes' olhos...Eles são uma espécie de guia turístico, que depois de nos explicarem algumas coisas importantes  nos dão um tempo livre para explorarmos o local por nossa conta, com hora de reencontro marcada e ficam..de longe..de olho em nós.
Mal acenderam a vela agasalhei-me e fui lá fora mergulhar um pouco na noite perfeita...as árvores ao longe, o céu estrelado, o tanque, o som das rãs e da água a cair. Mais uma vez num cenário digno de filme, num misto de nostalgia, cansaço e paz.

Mais uma vez, obrigada.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Não consigo adormecer...tenho o cérebro a 1000...
...sou invadida por memórias longínquas de momentos intensos...sim...quase me esquecia que também já fui muito feliz acompanhada...quase me esquecia dos momentos em que também toquei com as mãos no céu.
Porque é que é tudo tão fugaz? 
Porque é que me sinto responsável pela efemeridade da vida?
Porque é que a minha memória é tão fraca quanto a minha capacidade de expressão?

...

sexta-feira, 7 de junho de 2013




O vento dá voz ao espanta espíritos e as plantas incansavelmente dançam.
Um cenário digno de filme. Um grande jardim abandonado, esquecido no tempo... mas cheio de vida.
É um privilégio poder fazer parte deste cenário, rodeada de verde, sentada numa despida cadeira de ferro, á minha frente uma mesa também de ferro trabalhada com pequenos azulejos calculadamente colados e cheia de pequenas folhas secas...oferendas da Natureza.
Pertencer a este cenário. Se calhar é isso que tenho feito. Ás vezes páro e parece que estou num filme, cenas da minha vida perfeitas para filmes. 
"O presente é um equilíbrio entre ser actor e espectador" - disse-lhe ela. Estarei eu em equilíbrio?
Penso em ti. Não com o sentimento de suave angústia com que pensei nestes últimos dias. Aceito-te com as tuas sombras que ainda não conheço. Não sei, sinto. (Percebi que confio mais no que sinto do que no que sei.) Sinto que tens muito para me ensinar e sinto que também eu te vou ensinar algo. Quero-te. Quero-te livre, quero-me livre. Quero caminhar contigo sem ter medo de te perder, sem ter medo de me perder. Como ela me mostrou quero se inteira contigo, comigo, sem medos.


domingo, 26 de maio de 2013

*

Há coisas inexplicáveis, sintonias maravilhosas que tenho vindo a descobrir ao longo dos anos serem possíveis..ás vezes o tempo pára. O tempo pára e tu és tu sem medo.

Tu és.

Ás vezes sentes tudo com tanta intensidade que parece que a intensidade não cabe dentro de ti. E respiras...respiras para te lembrares que tens um corpo e que há vida lá fora.

Há olhares que quando se cruzam provocam faíscas. Sim, pequenas descargas eléctricas que podem parecer impossíveis, matas a cabeça a tentar perceber o que é aquilo, pões em questão a tua sanidade mental...até que percebes que não és só tu que sente isso. Antes de tentares verbalizar ouves essas palavras de outra boca. Pequenas faíscas que parecem fisicamente impossíveis.

Mas não são.

Ás vezes quando os terceiros olhos de duas pessoas se tocam o tempo pára.
Consegues ver o Universo. Sim, consegues ver o Universo.

O tempo pára.

 Á tua volta só existe harmonia, pura harmonia.

Entre 7 biliões de pessoas...a subida é íngreme, vejo o sol lá em cima, e eu tenho medo de escorregar.

Cuidado com o que pedes, estás a ser ouvido.

(não sei o que vem a seguir...mas...obrigada*)

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Já quase me esquecia como é salgado o seu sabor.
O turbilhão de emoções voltou, um tremor de terra dentro do peito rasgado.
Vou dormir. Preciso de dormir.
Com o passar dos anos aprendi a acreditar que 'amanhã' o sol nascerá novamente, enquanto isso não acontece vou treinando a também já quase esquecida arte de continuar a respirar durante a noite.

domingo, 17 de março de 2013

Viagens I

"Somos convidados neste planeta.
Temos a oportunidade de viver o mais plenamente possível.
E, visto que temos de ser, porque não ser tudo o que podemos ser?" 

Há experiências que quando descritas ficam a anos-luz da realidade vivida. Mesmo assim tentarei fazê-lo, não pela necessidade de partilha, mas porque quero relembrar-me, sempre, que foi mais do que um sonho e que a semente está em mim. Está tudo em mim.

Faz hoje 3 meses que estava no último dia da minha dieta, solitária, de preparação para receber a visita da planta mestre na minha humilde casa, o meu corpo. Uma semana de restrição de açucar, sal, gorduras e relações sexuais, entre outros alimentos mais específicos.

Só faziam cerca de seis meses desde que descobri (por mero acaso..ou não) o tema e o comecei a explorar com curiosidade e entusiasmo. Consultei vários sites, vi alguns documentários e li dois livros. Já tinha tido uma oportunidade de participar numa cerimónia, mas algo me fez adiar a experiência e percebo que ela aconteceu no momento certo, numa fase em que muitas dúvidas me surgiam e precisava, de algum modo, de tomar decisões, sobre a minha vida...ou como vim a perceber, em como lidava com algumas situações dentro dela.

Tinha medo da minha reacção, do desconhecido. Ouvi a experiência de várias pessoas com vários tipos de drogas sintéticas, a maioria experiências diferentes, mas agradáveis, ou pelo menos era só essa a parte que me contavam. Mas...alucinações? Eu nunca tive uma alucinação..como vou saber se é real ou não? E se entro em pânico? e se? e se? e se?...

"(...) aspectos que diferenciam as plantas das drogas «humanas» é o seu pendor pouco recreativo - as reacções violentas de purga que provocam não fomentam a sua utilização com um objectivo de divertimento ou entretenimento. Não prometem visões agradáveis, apenas transformação profunda, e isso não é algo que todos queiram fazer nesta vida. Talvez mais tarde...Para já é preferível matar-se a trabalhar, comer para suprimir os sentidos, abafar a percepção para que não haja grandes questionamentos. Neste quadro, os narcóticos fazem perfeitamente sentido: reforçam uma tendência segura." 

Chegara o dia. Depois de uma noite de trabalho muito mal dormida, um pequeno almoço de pão (o único sal permitido...e só nestes dias me apercebi da quantidade de sal que este tem e do quão bem me sabia comê-lo!) e cevada (o meu substituto ilusório do café, que tanto gosto e que também não deveria ser consumido), uma viagem na qual não consegui dormir, preenchida pelo nervoso miudinho como quem vai ter um primeiro encontro amoroso. A meio do destino encontrei-me com a minha companheira de viagem (viagem física, as que se seguiram seriam assustadoramente individuais), almocei uma sandes de peixe grelhado, agriões e rúcula que me soube pla vida... é bom ter perto alguém que está em plena sintonia, partilham-se dúvidas e faz-se humor sobre os momentos que precedem o salto.

Depois de alguma espera conheci finalmente a autora do livro que me trouxe até ali. Fiquei nervosa quando fui falar com ela, uma mulher muito bonita, amorosa, integra, inspiradora, de poucas palavras, mas muito acessível, com quem já tinha trocado alguns emails e exposto algumas das minhas dúvidas. Sorriu quando disse o meu nome, em forma de reconhecimento "Finalmente conhecemo-nos!" Éramos cerca de 16 pessoas, julgo que eu das mais novas. E apenas 3 já tinham participado em cerimónias. Preenchemos um papel no qual tínhamos de escrever qual o motivo de estarmos ali, qual a nossa intenção. E assinar uma declaração na qual nos responsabilizávamos pelos nossos actos e possíveis consequências.  Quem vai, tem saber para o que vai e ser responsável por essa escolha (assim como por todas as que tomamos ao longo da vida).

18.1.2013
21H
Fomos para a sala da cerimónia, tínhamos quartos onde dormir, mas quem quisesse poderia pernoitar ali mesmo, como optei por fazer. A sala não era muito grande e tivemos de libertar uma das paredes devido á chuva e humidade que se fazia sentir, inicialmente achei que a proximidade física com as restantes pessoas era demasiada e que de algum modo poderia interferir na experiência,  mas depois percebi que estava bem assim. Foram colocados perto de cada um de nós um vaso..caso a purga viesse...lembrei-me dos testemunhos que li..poucos não tinham precisado daquele precioso aliado. O caminho para a casa de banho ficou também desimpedido em caso de urgência..

Antes de iniciar acenderam os seus cachimbos (durante toda a cerimónia fumam tabaco, a folha, pura, é um modo de preparar e proteger o ambiente e os participantes) fizeram uma pequena introdução á planta (há muita, muita coisa que poderia ser explicada aqui, agora, por mim, mas quem tiver curiosidade não falta material para pesquisar), explicaram como iria decorrer a cerimónia e aconselharam-nos a não nos focarmos muito numa emoção, não a alimentar também de modo a não perturbarmos os colegas presentes, a irmos pelo caminho do meio sempre, se lhe déssemos muita atenção seriamos sugados por ela e acabaríamos por perder tudo o resto.  Disseram-nos também para nos mantermos sentados de modo a não adormecer e falar com a planta, se nos estivesse a custar muito pedir-lhe para ser mais branda. E focarmo-nos sempre na respiração, no nosso corpo (é o que nos liga a esta realidade). E se achássemos que estávamos muito mal chamá-los baixinho...
Ouvi tudo com muita atenção, mas nunca pensei que estes conselhos fossem tão preciosos...principalmente o último.

Chamaram o meu nome. Fui á frente, sentei-me sobre os calcanhares, o meu coração parecia querer saltar-me do peito com a rapidez com que batia. Tinha chegado o momento. Recebi o copo na mão, fechei os olhos, pensei e repeti para mim mesma a minha intenção e forcei-me a engolir aquele liquido espesso de cor castanha e sabor amargo/azedo/salgado e picante. Fui para o meu lugar e fiquei com um muito mau sabor na boca que me fez engolir saliva várias vezes na esperança que as minhas papilas gustativas ficassem mais aliviadas..Beberam todos. As luzes foram apagadas. Senti como que a planta a escorrer-me pelo esófago até ao estômago. Mantive-me sentada, imóvel, cansada de não ter dormido..á espera. Comecei a sentir uma certa náusea, sem comer praticamente desde o almoço parecia ter o estômago cheio. Passada cerca de meia hora começaram finalmente a cantar os ícaros. Entretanto imagens vinham-me á mente, cenas comuns do dia-a-dia, como (me) costuma acontecer mesmo mesmo antes de adormecer. A náusea ia aumentando, o cansaço fazia-se sentir cada vez mais intensamente. Quando fechava os olhos via desenhos que se desenrolavam com o soar dos ícaros, se paravam de cantar o desenho parava. Desenhos enrolados em tom de verde. Alguns cenários da Natureza também. Pararam de cantar, tinha passado uma hora suponho. Eu sentia-me absolutamente exausta, uma vontade enorme de dormir, a náusea e uma sensação de frio que me percorria o corpo bem vestido e aconchegado com uma manta dentro do saco-de-cama. Quem quisesse ir beber o 2do copo era esta a altura. O meu cansaço e a náusea persistente fizeram com que não fosse. Tinha medo que esta aumentasse e não me deixasse adormecer...e eu queria tanto dormir... A fusão dos ícaros, a voz vibrante e pacífica dele com a voz envolvente e maternal dela continuavam a fazer aparecer desenhos. Não queria que parassem de cantar, o meu corpo, ou melhor a planta no meu corpo, pedia o cântico. Acalmava a náusea..acalmava-me. Todos os sons, fosse da porta a abrir quando alguém ia ao WC ou alguém a tossir pareciam-me enormes...muito intensos. E a luz do isqueiro que usavam ofuscava-me..Depois de repetirem a dose, pensei que o efeito em mim já estaria a passar e ficaria por ali. Entretanto senti um calor muito grande, essencialmente nas pernas (que há minutos estavam geladas) e deu-me vontade de despir as calças, mas pensei "não, ainda não, ainda te vão chamar ao centro". Mantive-me á espera e ai começaram a chegar os bocejos (dizem que é uma das manifestações da planta quando já está no corpo), já bocejei muitas vezes..mas nunca daquela maneira..eram bocejos super intensos, principalmente o primeiro, foi como se a minha boca se abrisse mais do que o tamanho da minha cara, senti a minha boca como a de um felino, os meus caninos eram compridos e afiados.. Sentia-me á beira da exaustão já meia a dormitar quando ouvi chamarem baixinho o meu nome, era altura de ir até ao centro para cantarem ícaros para mim. Fui a gatinhar até lá, á almofada onde me sentei, o cansaço não me permitiu levantar. Queria estar atenta e concentrada nos icaros, mas não conseguia de tão cansada...de repente senti uma presença muito forte ao meu lado, virei-me e não vi ninguém. Era ela que estava a cantar para mim e parecia-me que tinha um animal pequeno, peludo no colo, depois a cara deste animal passou-lhe para o pescoço e era como se os cânticos lhe saíssem pelo pescoço, da boca do animal..."Já está" era o que dizia quando terminava o meu ícaro, fui para o meu lugar e pensei "finalmente vou dormir..." mas a náusea mantinha-se, uma sensação de inquietação no corpo e sensações como pequenos insectos em cima de mim. Também por duas vezes vontade de sorrir, uma agradável paz dentro de mim. Quando sentia que podia perder o controlo abria um pouco os olhos e focava-me na respiração. O estômago pesado e os intestinos a mexer. Depois uma sensação fantástica de algo dentro do meu ventre, como se estivesse grávida (deve ser isso que se sente :/ ), muito agradável. Fui-me lembrando da minha intenção e pedi á planta para me mostrar algo...mas não vi nada em concreto...Houve uma sensação que não gostei, algo sobre mim, que talvez tenha de mudar ou aceitar que ás vezes sou assim.. Foi engraçado, quando já estava quase a adormecer chamaram por uma Sara, várias vezes e eu fiquei alerta e questionei-me "Será que sou eu a Sara?! Não..eu acho que não sou a Sara.." e adormeci. Cada cerimónia dura cerca de 5 horas.

Acordei muito bem disposta, como nos dias que se seguiram. O meu corpo pedia comida e fomos tomar o pequeno almoço-dieta que me soube a mel...depois uma reunião para partilharmos o que quisessemos sobre a experiência da noite anterior. Almoço e tempo livre até ás 19h.

19.1.2013
19H
Nova taquicardia, talvez um pouco mais de resistência á toma por já conhecer o sabor. A intenção. Beber.
Pouco tempo depois a náusea, mais forte, muito mais forte. Mal começaram a cantar (meia hora depois), senti-a a querer subir-me pelo esófago. A purga. Depois uma sensação de alivio...bem estar...gratidão por tudo e por todos..sem nausea! Sentia-me mesmo bem..comecei a falar com a planta...lembro-me de perguntar algo acerca de como encontrar o amor..um amor daqueles puros...e senti como se algo me estivesse a puxar os cantos da boca para cima, com meiguice, mas com determinação, eu não conseguia contrariar aquele movimento, o de sorrir. Achei piada á resposta e interpretei á minha maneira. E fiquei assim com aquela boa sensação de bem estar sem mais nada, a desfrutar daqueles momentos.
Chegou a altura da 2da toma para quem quisesse, hesitei, não sabia se deveria ir ou não, não queria de modo algum subestimar a planta, mas sentia-me bem, como se os efeitos tivessem passado e pensei "vim aqui para isto, para a sentir" e decidi ir á 2da ronda. Bebi, mau estar, a náusea voltou ainda mais intensa, comecei a sentir os efeitos a subir-me á cabeça, muito forte. Veio mais um vómito mais que muito intenso, arrastei-me para o vaso aos meus pés. Vómitos que pareciam ser arrancados das mais profundas vísceras do meu corpo. Senti como que "espiritos", coisas negras, esvoaçarem á minha volta enquanto vomitava, como se eu me visse de cima. Abri os olhos e vi um dos xamãs a soprar fumo em direcção a mim e os seres esvoaçantes desapareceram. Encostei-me para trás, não estava nada bem, um mau estar nunca antes sentido por mim. Fui das primeiras a ser chamada para o centro para me cantarem os icaros. Sentei-me na almofada e só me dava para pedir desculpa á planta por ter querido beber a 2da vez, sentia culpa e pensei "quiseste, agora tens de aguentar". Quando terminou o meu ícaro sentia-me sem forças, pior que qualquer embriagues já experienciada por mim, já não conseguia manter os olhos abertos por muito tempo. Arrastei-me para o meu lugar mas já nem me consegui meter dentro do saco-de-cama. Ao fechar os olhos fui transportada para um outro lado, outro mundo? outra dimensão? Não sei onde estava, fiquei por lá não sei por quanto tempo, lá não havia tempo. Sei que lá era tão ou mais real que aqui, o "aqui" deixava de existir quando fechava os olhos. Inicialmente e por momentos quando conseguia abrir os olhos ainda me conseguia manter cá, por meros segundos, depois era como se algo me sugasse para esse outro lado, me obrigasse a fechar os olhos e ir para lá..lembro-me de ver um ambiente cor-de-rosa forte e outro azul escuro, não me lembro de ter visto nada especifico, mas sentia que era desagradável estar lá, mas só sentia isso quando conseguia por momentos muito curtos aperceber-me que "o meu mundo, este!" existia e que era este que eu conhecia, mas eu pertencia tanto a um como a outro. Cheguei a um ponto em que mesmo conseguindo abrir os olhos (o que era uma luta) já não me conseguia manter cá, como se os mundos se fundissem, as caras das pessoas apareciam-me como manchas disformes, então fechava os olhos com medo que esta "minha" realidade se transformasse e era inevitavelmente transportada para a outra. Já não conseguia sequer manter algum controlo na respiração, aliás por momentos parecia que me esquecia de respirar e só quando abria os olhos me apercebia que tinha um corpo, mas eu não o sentia como meu. Senti que ia continuar a ser sugada e que ia ficar "lá" para sempre. Então numa das vezes que me consegui aperceber "desta" realidade, olhei á volta, lembrei-me vagamente de quem eram aquelas pessoas que estavam naquela sala comigo e pensei "espera, isto não é normal, não estou a ter controlo nenhum" e entre uma ida lá e volta cá ouvi, claramente, e pela primeira vez, uma voz vinda não sei de onde chamar o meu nome e dizer-me "Sê humilde, pede ajuda." Então arrastei-me como pude um pouco para a frente e chamei pelo nome da xamã sem perceber se me ouviam e só me saiu: "Eu não estou bem" (no dia seguinte disseram-me que eu tinha falado em francês, mas duvido muito..porque não sei falar francês). Disseram-me para eu ir para o centro e sentar-me na almofada, mas demorou um pouco até eu perceber o que me diziam, parecia que não falavamos a mesma lingua..nem os conseguia ver bem. Disseram-me para fechar os olhos e cuspiram-me perfume para a cara (água florida, sei agora) e voltou a cantar ícaros para mim...eu continuava a ser arrastada para um outro lado sem controlar..não faço ideia quanto tempo estive lá no centro, mas ouvia ao longe os canticos e cada vez que me cuspia perfume eu sentia que ia ganhando algum controlo em mim, voltava a sentir o meu corpo e a ganhar resistência ao que me sugava para o outro lado. Finalmente comecei a lembrar-me de quem era, o meu nome, o que fazia, a fazer um rewind na minha vida. Mais um pouco de perfume e disse-me "Já está". Eu com uma sensação de alivio indescritível só lhe consegui dizer "Obrigada...muito obrigada.." e fui para o meu lugar. Depois deu-me uma vontade enorme de chorar, como quem acaba de apanhar um susto de morte e volta á vida, alivio, felicidade por estar "de volta" ao que conheço. E lembrei-me de um dos conselhos iniciais "não alimentar emoções", passou. Tentei mesmo assim manter-me até ao fim da cerimónia de olhos bem abertos, a observar e a falar comigo mesma com algum receio de voltar a ser "arrastada" ao fechar os olhos. Adormeci.

"Acredito que o homem se habituou a este estado de consciência do estar acordado, mas é uma presunção pensarmos que é o único estado em que as nossas percepções são reais."

Esta foi uma experiência mais que muito interessante, mas assustadora, não por ter tido medo de algo nos sitios para onde "fui", mas o desespero de perceber que não tinha controlo sobre tudo (como ilusoriamente estamos habituados no dia-a-dia)..tive medo de não regressar.
Depois da partilha, no dia seguinte, disseram-me que a 2da noite é normalmente a mais intensa e foi uma experiência boa para mim, para conhecer os meus limites e de qualquer modo foi bom ter ido beber a 2da vez pois fiz um processo de limpeza mais profundo.

Fiquei com a dúvida do que poderia ter acontecido se não tivesse pedido ajuda..acabei por não perguntar.

20.1.2013
19H
Ajoelhei-me com o copo na mão e lembrei-me mais uma vez do que me tinha levado ali. Sentei-me com a cabeça encostada no estrado de madeira e esperei com entrega e confiança o que a planta me quisesse oferecer. Senti-a rodar-me no estômago e passear pelo intestino. Para agradável surpresa minha não senti náusea sequer...Senti o meu corpo vibrar com a chuva que se fazia ouvir lá fora, a água do meu corpo era a da chuva também. Passeei por mundos de selva e animais, senti-me um animal junto a um rio, metade do meu corpo era ele. Sensações agradáveis e sempre com controlo na respiração. Quando fui para me cantarem o ícaro senti a planta na minha cabeça a fazer-me movimentos suaves e ondulatórios ao som do ícaro. Houve um momento em que o xamã se começou a rir e eu ri-me também com muita vontade, e sentia a planta a rir-se dentro de mim. Falei com ela, lembrei-a da minha intenção e ela mostrou-me, claramente alguma coisas e objectos. Via-me pacifica a ajudar e a aceitar a doença e sofrimento á minha volta sem que isso me massacrasse por dentro. Vi-me com uma espécie de bolha protectora á minha volta em que a energia que eu queria era direccionada para quem eu queria sem receber energias (más) das outras pessoas em retorno. Lembrei-me um curso de massagem que andava a pensar fazer.
Quando adormeci tive um sonho em que eu ia a pé a sair, muito determinada, de uma cidade, mas eu sabia que ia haver um ponto em que ia parar e voltar para trás..porque tinha de passar por um sitio muito escuro e eu tinha medo. (coisas a ultrapassar?..)

"Deslumbra-te com as coisas, em vez de as transformares em medo. O que tu podes mudar não é a realidade, é essa forma de energia, a do medo"

De manhã acordei com o cantar dos pássaros lá fora, vontade de me levantar e aproveitar o dia, a vida. Com vontade de dizer "obrigada" a cada companheiro desta viagem e principalmente aos xamãs por serem tão dedicados...pacientes..tão tanto! Por no seu papel me terem ajudado a acreditar e confiar..por ela ter escrito aquele livro que me veio parar ás mãos para eu poder ter vivido tudo isto que não cabe em palavras.

Segui os conselhos da planta mestre e entre muitas outras coisas recuperei a força para o dia-a-dia no trabalho.

"O importante é regressar, é integrar. É a mesma coragem com que vieram que é necessária no pós (...)"

"A planta faz 50%, o resto é por vossa conta."

Obrigada.












domingo, 10 de março de 2013

Sei que não há coincidências...mas...não estou a conseguir interpretar essa tua mensagem querido Universo...

...let it flow...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Nos últimos dias tenho sentido uma insatisfação demasiado grande em relação á vida que levo. Faço várias coisas que gosto, tenho passado momentos bem divertidos, mas...sinto tudo de um modo tão efémero...
Nestes últimos dias o que mais tenho feito para não sentir o tempo passar (chega a ser doloroso sentir o tempo passar) é dormir, dormir e devorar filmes. Quando dou por mim passaram 3h sem eu me ter apercebido.
Sinto-me estagnada. Sinto que tenho mais para dar e muito mais para aprender. Não sei se quero continuar a exercer esta profissão durante muito mais tempo...apesar de a admirar e saber o quão importante é estou cansada de  fazer  algo que a grande maioria das vezes não é reconhecido, estou farta de ser "saco de pancada"...gosto do que faço, mas o sentimento de impotência é por vezes tão intenso que muitas vezes me questiono "o que é que eu ando aqui a fazer?". A vitória de sorrisos que consigo arrancar de pessoas completamente desanimadas parecem ser tão facilmente abafados pelo sofrimento, desesperança e morte demasiadas vezes presente á minha volta. Devia ser mais indiferente a determinados sentimentos, mas não consigo...e acho que não quero. Só não sei lidar com eles, dentro de mim.

Apetece-me mudar de vida. Conhecer o caminho para me sentir realizada. Sentir que posso fazer a diferença em algo. Sinto-me parada, perdida e cansada. E o tempo a passar-me ao lado...como a água entre os dedos.

"Mudanças em várias áreas vão surgir até Março", espero que sim. Para breve uma experiência nova, aparentemente intensa...mas sem expectativas...talvez me surja uma luz ao fundo..talvez.