domingo, 9 de outubro de 2011

JP

Ainda estive uns minutos de cabeça de fora da janela do meu sótão que dá para o céu, mas a inclinação acentuada do telhado fez-me desisir da ideia que tinha o seu "quê" de louca e me parecia extremamente interessante...peguei no puf, uma manta, vinho, cigarros, musica e 1 kit-kat e fui pa varanda. 2 horas. 5 estrelas cadentes. Não senti vontade de ter ninguém ali cmg, o que foi um tanto estranho, mas mesmo assim houve 1 belo (e grande) aranho que fez questão de se juntar á festa sorrateiramente, mas consegui perceber o seu charmoso caminhar na minha manta por entre as sombras..
2 horas á espera de ver estrelas rasgarem o céu e a pensar na vida. E a não chegar a conclusão nenhuma. Ou talvez 1, mas triste.
Fora a minha baixa auto-estima, insegurança, fraca capacidade de expressão, vontade de fazer 1 pouco de tudo, mas não ter realmente jeito para nada, os quais já tinha consciencia, descobri outro que me deixou preocupada:

Não tenho objectivos de vida.

- "I'm looking for something...I feel a little bit lost..."
- "Take your time..."

Já tinha saudades de sentir os pés, mãos e ponta do nariz gelados debaixo de um céu repleto de estrelas. Foquei uma estrela (ou seja lá o que for com a sua cor alaranjada e cintilante, para mim é uma estrela) durante não sei quanto tempo e por momentos tudo o que me rodeava desapareceu e ela mexia-se como a ponta de uma caneta quando escreve em circulos e curvas imperfeitas (não, não o JP que bebia não teve qualquer influência..falando nisso, é um vinho barato e saboroso!)
Devorei Michael Nyman e qdo me apercebi Orion já tinha nascido. Trocámos 2 ou 3 frases (sim, passar tanto tempo sozinha faz-me falar com constelações) e fiquei a contemplá-la.
O copo de vinho acabou. Vou dormir.

sábado, 8 de outubro de 2011

Sia - Breathe Me

A Coragem de Seres Só

Uma arma de triunfo te dei, sobre todas as outras: a coragem de seres só; deixou de te afectar como argumento ou força esmagadora a alheia opinião, as ligeiras correntes e os redemoinhos do mar; rocha pequena, mas segura, sobre ti se hão-de erguer, para que vençam a noite, as luzes salvadoras; não te prendem os louvores dos que te querem aliado, nem as ameaças dos contrários; traçaste a tua rota e hás-de segui-la até ao fim, sem que te desviem as variadas pressões.

Só e constante, mesmo em face do tempo; os anos que rolam tu os consideras elemento de experiência; para os homens futuros episódios sem valor; se eles te abaterem, só terão abatido o que há de menos valioso; e contribuirão para que melhor se afirme o que puseste como lição da tua vida; a muitos absorve o actual; mas a ti, que tens como tua grande linha de cultura, e porventura tua alma, a posse das largas perspectivas, a hora começando te vê firme e firme te abandona.

Nenhuma estóica rigidez neste teu porte; antes a compassada lentidão, a facilidade maleável de bom ginasta; não é por amor da Humanidade que hás-de perder as mais fundas qualidades de homem.

Em tal espelho me revejo, eu que tomei tua alma incerta e a guiei; e contemplo como doce oferenda, como a mais bela visão que me poderias conceder, a clara manhã que já de ti desponta e lentamente progredindo há-de acabar por embalar o universo nos seus braços de luz.


Agostinho da Silva, in 'Considerações'

domingo, 2 de outubro de 2011

E foi uma noite/dia preenchido.
Ás vezes basta desejar, com intensidade e seguir na corrente.
Objectivo cumprido.
Não foi bom, não foi mau.

Foi estranhamente interessante.