domingo, 28 de março de 2010

e cresce um reboliço no peito, o miocardio parece sofrer de uma epilepsia incontrolavel...o corpo, asténico, cede ao primeiro grito, uma respiração kussmaul... o reboliço manda ondas que sobem lenta e pesadamente para a garganta e rebentam nos olhos...o tempo todo á minha volta outra vez sem me olhar...7531 pensamentos surgem ao mesmo tempo na minha cabeça, e o tempo..."tic-tac, tic-tac" e eu... AHHHHHHHHH.............
uma ânsia dolorosamente insaciavel...e o reboliço do peito que sobe e sai..e um sufoco tao lento e pesado como as ondas.."tic-tac, tic-tac"..
sei o que tenho a fazer para me ocultar..

domingo, 14 de março de 2010

E há dias de merda.
Dias em que tens de lidar com corpos inertes e imaginar-lhes os sonhos enquanto lhes sentes os ultimos resquícios de vida...
Dias em que te ris com alguém e sabes pouco tempo depois que "ontem" foi o seu funeral...
Dias em que te esqueces de ti para ir buscar nao sabes bem onde palavras e actos de conforto para alguém que tos implora com o olhar...
Dias em que te esfolas para dar ao outro o melhor e nada do que fazes é valorizado...
Dias em que sais a pé de casa e caminhas durante 1h sem destino á procura de algo que não encontrarás...
Dias em que te sentes indiferente ao mundo e ele a ti...
Dias em que te sentes perdido no teu próprio quarto, nas efémeras 24h de um dia...
Dias em que nem o embaraço que se apodera do peito te deixa chorar..
E procuras nas paredes e nos rostos desconhecidos qual o significado desta vida.
E não encontras.
E quando mais precisas de um olhar meigo, um sorriso e um abraço...encontraste SÓ.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Prefácio para um livro de poemas

"Conheci um homem que possuía uma cabeça de vidro. Víamos - pelo lado menos sombrio do pensamento - todo o sistema planetário. Víamos o tremelicar da luz nas veias e o lodo das emoções na ponta dos dedos. O latejar do tempo na humidade dos lábios. E a insónia ,com seus anéis de luas quebradas e espermas ressequidos. As estrelas mortas das cidades imaginadas. Os ossos (tristes) das palavras. A noite cerca a mão inteligente do homem que possui uma cabeça transparente.Em redor dele chove. Podemos adivinhar uma chuva espessa, negra, plúmbea.Depois, o homem abre a mão, uma laranja surge,esvoaça. As cidades(como em todos os livros que li) ardem. Incêndios que destroem o último coração do sonho. Mas aquele que se veste com a pele porosa da sua própria escrita olha, absorto, a laranja. A queda da laranja provocará o poema? A laranja voadora é ,ou não é,uma laranja imaginada por um louco? E um louco, saberá o que é uma laranja? E se a laranja cair? E o poema? E o poema com uma laranja a cair? E o poema em forma de laranja? E se eu comer a laranja, estarei a devorar o poema? A ficar louco?(...)E a palavra laranja existirá sem a laranja? E a laranja voará sem a palavra laranja? E se a laranja se iluminar a partir do seu centro, do seu gomo mais secreto, e alguém a (esquecer) no meio da noite - servirá(o brilho)da laranja para iluminar as cidades há muito mortas? E se a laranja se deslocar no espaço-mais depressa que o pensamento, e muito mais devagar que a laranja escrita-criará uma ordem ou um caos? O homem que possui uma cabeça de vidro habita o lado de fora das muralhas da cidade. Foi escorraçado. (E)na desolação das terras, noite dentro, vigia os seus próprios sonhos e pesadelos. Os seus próprios gestos - e um rosto suspenso na solidão. Onde mora o homem que ousou escrever com a unha na sua alma, no seu sexo, no seu coração? E se escreveu laranja na alma, a alma ficará saborosa? E se escreveu laranja no coração, a paixão impedi-lo-á de morrer? E se escreveu laranja no sexo, o desejo aumentará? Onde está a vida do homem que escreve, a vida da laranja, a vida do poema - a Vida, sem mais nada - estará aqui?Fora das muralhas da cidade? No interior do meu corpo? ou muito longe de mim - onde sei que possuo uma outra razão...e me suicido na tentativa de me transformar em poema e poder, enfim, circular livremente."

domingo, 7 de março de 2010

"Por detrás da cortina de pano esburacado, uma claridade leitosa anuncia o romper do dia. Doem-me os calcanhares, a cabeça pesa-me toneladas, todo o meu corpo está metido numa espécie de escafandro. A minha tarefa agora é redigir notas de viagens imóveis de um naufrago encalhado nas praias da solidão."
"O Escafandro e a Borboleta"
E continuamos a adiar sonhos, abraços e palavras para um amanhã que talvez nunca chegue.
Será que só quando a vida nos atar a uma existência inexistente nos vamos aperceber de tudo o que poderíamos ter sido, conquistado e aproveitado?

segunda-feira, 1 de março de 2010

Dias...

Cardiff, 4 dias que começaram a voar, acabaram a voar e passaram a voar. Jantar em Bristol, beber 1 "point" , 1 pé de dança no "Walkabout" e ver a loucura da noite em Cardiff (http://www.flickr.com/photos/jkaranka/sets/72157603963750863/)...casa, ouvir Chambao, conversas, livros, sonorífero e cama.

Pequeno almoço com café e crumpets ao som de Ornatos..e o utópico dia de sol lá fora á nossa espera. Visita guiada a 90 m de profundidade, minas de Big Pit; revelaçao de um sitio paradisiacamente secreto "Warm´s head", a imensidão do mar...o anoitecer. Jacket potato para o jantar de 3 esfomeadas, 1 hora e meia de viagem, gomas, em casa...1 garrafa de Casillero del Diabo.
Acordar! Posto de turismo (quem disse que os britânicos eram antipáticos??!!), uma volta pla cidade, ida ao mercado. Destino: Castle Coch. Uma caminhada de 2h e meia por um belo trilho á beira rio..e a chegada a um castelo de princesas que surge no meio da floresta. Chegada a casa..um banho digno de qualquer "princesa moderna"...de imersão, á luz da vela, com pétalas de rosa e um copo de vinho tinto...depois um saboroso jantar e o resto da noite a beber "Mulled Wine" ... conversas, fotos e sonorífero...

Mais um dia. Visita á baía de Cardiff num final de manhã acolhedor...1 igreja norueguesa á beira mar, uma exposição de fotografia. De volta ao centro...entrada no grandioso castelo de Cardiff. Comprar "recuerdos", beber 1 "starbucks coffee" ao final da tarde a caminho de casa (que se revelou 1 desilusão fora o facto de me aquecer as mãos), depois 1 cerveja fresquinha, jantar, vinho...e mentalizar que passaria o dia seguinte em autocarros, comboios, aviões e aeroportos...
Dois dias em Faro. Amizades, conversas sérias e avacalhanço. Música ao vivo "o meu ambiente de eleição", passeios, paisagens, sorrisos e muitas fotos.
De volta ao trabalho.
E hoje...


mas faço 24 anos e como a minha querida mãe me diz...
"Amanhã é outro dia."