sexta-feira, 15 de junho de 2012

Não querer querendo,

Estava no aeroporto hoje de manhã, um pouco inquieta, (estar num sitio desses sem "bilhete na mão" para seguir viagem, acaba por saturar), resolvi ir dar uma volta. Fiquei uns 5 min na zona das chegadas a observar as recepções que amigos/familia/namorados faziam aos recém chegados..deu para fazer uns filmes engraçados. Humm...uma espécie de quiosque..livros!! Perco-me no tempo a ler capas e contra-capas, imagens e pequenos excertos. Entre alguns temas que considero interessantes, um título prende-me a atenção : "Aprendizes de Xamã",  li apenas 1 ou 2 textos acerca deste assunto há uns tempos o que me deixou com uma muito vaga ideia.. não sei nada sobre Xamanismo, mas parece-me algo interessante para ser (para já)  'superficialmente aprofundado'.
Na viagem de volta a casa ponho em modo 'pause' o livro que tinha iniciado de manhãzinha ( já lidas 60 de 517 páginas) e vou tentar perceber se o novo livro comprado vale os 3000$00 gastos. Começo a devorá-lo..embebida na leitura há uma parte que me faz parar por uns segundos, volto a trás e releio:

"O que acontece durante uma cerimónia? Vem ao de cima, simplesmente, a hiperconsciência. Sob o efeito da planta, ficamos muito sensiveis. Há quem diga que nos aproximamos de uma percepção molecular de nós próprios (...) Mas há mais. Descobri há pouco tempo, por volta da minha cerimónia 40, que essa sensação é a consciência no seu expoente máximo. Parece uma verdade banal, mas vivê-la significa muito mais do que as palavras. Estamos conscientes de cada gesto, cada olhar, cada movimento, respiração, ruído.  Por isso nos movemos devagar e com cuidado, para não haver um overload, uma sobrecarga do sistema...(...) hiperpresença dos sentidos. Afinal é isso viver o presente intensamente! Não há discursos filosóficos  ou racionais, apenas uma experiência total do momento." 

WOOOOW.............!!!
Há uma semana atrás, no dia 7/6, depois de ver o tão esperado filme "Before the Rains" e enquanto ouvia uma música que adoro e me faz sentir uma espécie de nostalgia boa (Mahima de Susheela Raman) comecei a sentir em mim algo diferente...como se para cada pestanejar todo o meu corpo precisasse de estar atento..eu pestanejava com todo o meu ser! Naqueles minutos era para mim impensável virar a cabeça ao mesmo tempo que movia um braço, toda eu era slow motion... era como se cada mínimo movimento meu fosse ao mesmo tempo tão suave, mas tão intenso que nada mais poderia existir ao mesmo tempo. Durou alguns minutos...e foi naturalmente desaparecendo. Percebi que algo de estranho e novo tinha acontecido ali, mas que raio seria aquilo? Provavelmente um devaneio que iria acabar por desvalorizar, esquecer e não partilhar com ninguém.

Vá, eu (também) não escolho os livros, eles é que me escolhem a mim ;)

Algumas pessoas vão ler isto (olha eu crente que tenho seguidores!!) e não vão perceber nada, mas não faz mal, eu também ainda tenho tanto tanto tanto para perceber!*