quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Senti-me 3 vezes impotente durante os ultimos 3 meses. Um sentimento demasiado angustiante que nada podemos fazer para atenuar. O primeiro talvez tenha sido o pior de todos, mas os outros não são melhores.
1º foi quando vi alguém muito próximo desesperado com dores, a implorar-me ajuda nos minutos após uma intervençao cirurgica muito dolorosa. Eu engoli e prendi todas as minhas lágrimas nesse instante e durante as seguintes horas. Eu não podia fazer mais nada. E ouvi o que quis e o que não quis vindo de uma das pessoas que eu mais amo nesta vida. Senti o meu coração mais que muito apertado. Mas eu não podia deixar-me ir a baixo, eu ali, não tinha esse direito. Em 3 anos de estagios e 1 de trabalho nunca, nunca tinha visto alguém em tanto sofrimento. E eu impotente perante isso. Felizmente a história teve um final feliz. Custou, custou muito mesmo, mas passou.
2º foi quando após ter passado 1 tarde a cuidar de 1 gatinho pequenino que tinha sido abandonado o vi metade debaixo da roda de um carro..a gemer furiosamente.Retirei-o, ele estava num desespero tal, as lagrimas escorriam-me plas faces.. Eu nada pude fazer.
3º na varanda de minha casa já passei horas e horas sentada e deitada a apreciar 1 das mais belas paisagens. Fechava um olho e imaginava-me a passar os dedos pla serra, sentindo o seu relevo. Está em chamas. De uma ponta á outra. Após um suposto dominio por parte dos bombeiros elas reacenderam e aproximam-se assustadoramente da população. E eu estou em VR. Sem carro. Á espera que chegue a hora do proximo autocarro para ir para junto da minha casa, na minha aldeia ajudar no máximo que puder. Os sinos já tocaram forte e continuamente em sinal de alerta. As pessoas enchem baldes de água e arrumam tudo o que possa ser incendiado com as falhopas que caiem continuamente. E eu aqui, uma vez mais impotente.
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Por outro lado, é engraçado como há de facto males que vêm por bem. Foi após o 1º, e sem duvida mais importante, acontecimento que eu me apercebi da insignificancia de todos os meus supostos problemas. Foi após essa tempestade ter passado que eu renasci, que eu comecei a viver e a importar-me apenas com o que realmente interessa.

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