que a palavra amor deixou de existir
não é mais para usar
sem que por isso se deixe de usar
aquilo que ao amor competia.
Combinado fica também
que uma só mão
de grande
forte
e calorosa
pode conter um corpo inteiro
por fora
agarrando no acto a alma
que como todos sabem
existe por dentro
confundida muitas vezes
com o coração
mas que os mais sábios descobriram
há muito
que não é bem a mesma coisa
mas parecida
dizem alguns
com o todo que cada um é
e que por medo
por prudência
ou por receio
de um excesso de luz
sensatamente
só revela de mansinho para não assustar ninguém.
Sem que haja no entanto uma garantia
de que uma alma que é ao mesmo tempo coração e corpo
não possa abrir-se para sempre
numa fracção de segundo
ficando então irremediavelmente exposta.
São os riscos desta vida...
E mesmo quando não se puder esperar mais e a urgência tomar tudo
quando o agora for o tempo todo que existe
que mesmo então não se chame nada às coisas, uma vez que ficou combinado
que a palavra amor não é mais para usar.
Que então se viva tudo
que então se diga tudo
excepto
bem entendido a palavra amor
Nessas alturas
claro está
deve guardar-se o medo para depois."
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Margarida Brum, in "Enquanto esta música durar és só minha"
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(pequenina...muito pequenina...)
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