quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Amanheceu. Os raios de sol já me entram pla janela.
Na cabeça o quico, numa mão a paleta e à frente a tela,
começo a pensar na cor do pensamento…
penso sem querer nesta vida preta e branca…em todo o meu tormento.
Pego no pincel. Sinto-me repentinamente leve…solta-se a mente.
Olho para um palco negro, opaco e pinto-o de transparente.
Agora está livre podemos actuar!
Com ou sem vontade sou obrigada a pintar…
Junto um ínfimo de preto ao amarelo…amarelo torrado!
Um pouco de azul ao magenta… tantos tons de arroxeado!


Esboço um deserto…longínquo…seco…sombrio…

…um corpo…morto…roxo…frio.


Talvez tenha morrido de sede… (sede de paz?...)
Ouço o que o cadáver murmurando me pede…
atiro-lhe instintivamente um copo de água.
Suspiro com um incerto alívio…terei afogado assim a mágoa?
Restou-me uma mancha roxa amarelada…
descubro que não sei pintar, deito-me triste e cansada.
Sonho com uma areia quente, brilhante, amarela torrada…
dela rompe uma cosmos cheia de vida…arroxeada…

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