terça-feira, 29 de abril de 2008

" A noite começava a cobrir o reino do que se via, o império do sol começava a ser tomado e, ecoavam as árvores...o rio indicava o caminho por entre o labirinto de verdes e a névoa espreitava atrás do horizonte à espera da deixa para a sua entrada...era a dança do equilibrio em que tudo entrava e à roda vinha também a Lua, guardada pelas nuvens e enfeitiçada pelas estrelas, as cores mudavam, os cheiros molhavam-se...era um fim do dia como tantos outros que já tinha presenciado, desde que tinha decidido viver esta vida diferente de alguns e igual á de tantos outros meus irmãos caminheiros.



Procuro o segredo que se esconde atrás de cada momento...e não sei se algum dia...mas continuo a andar...sabenso no fim onde quero chegar...mas sem saber onde chegar cada dia que passa...mas nao estou preocupado, porque mais importante que chegar, é por-me a caminho dia após dia...e o caminho esse...faz-se andando.

...e neste fim de dia, enquanto janto, a olhar para a marmita amolgada, da qual tantas vezes saciei a minha fome e que cada mossa tem uma história, a beber mais um trago de água da minha caneca, sim...aquela que trago sempre pendurada na parte de fora da minha mochila e que usamos para fazer o chá quando nos unimos em volta da fogueira...ah! e a fogueira? não há como o som da viola misturado com o crepitar da chama e das nossas vozes a cantar, a partilhar segredos das nossas vidas, sim segredos, porque entre familia é assim...então começo a pensar...na marmita, na caneca, na fogueira, na minha tenda, que repartimos coma chuva e o vento, nas minhas botas ja gastas de tanto caminhar, nesta camisa coçada, nestes calçoes que ja nem lhes conheço a cor, nos rasgões deste manto que uso nos fogos de conselho e que me aquece nas noites mais frias, lembro-me que tudo tem um significado imenso para mim.

...porque quando o orvalho vence o calor do meu corpo, ou quando o repasto nao vence a fome do estômago e qundo sinto a boca seca e não tenho água para beber e alguém me dá a sua última gota de água ou quando penso não ter mais forças para conseguir chegar ao cimo do monte e alguém me dá a mão e quando também tenho oportunidade de fazer tudo isto pelos meus irmaos...

...depois, ao chegarmos ao cimo do monte, ao olhar para baixo, ver a infindável beleza da criação...que quase me tira a respiração...quando fecho os olhos...por alguns instantes sinto o dedo de Deus a tocar-me...aí percebo o quanto sou feliz..."


e muito fica por dizer...porque há sentimentos que nao cabem em palavras...

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