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Olho as paredes forradas a papel onde cresci...sinto-as tão acolhedoras como sofucantes. Lá fora está uma noite fria bem iluminada pla lua. Lua...o seu forte simbolismo..."lua, não me ligas nenhuma..."; o sol, a lua e a estrela... lebram-se?:) Rituais de uma amizade que jurámos não ter fim. Mil e uma tardes passadas em atalhos escondidos ou casas abandonadas...aventuras, discussões, zangas...e no final abraços sinceros que prometiam ser eternos...

Pego na minha biblia e meia cor-de-rosa e nos meus 10 caderninhos de orações...junto tudo em cima da cama. Não sei qual hei-de abrir primeiro...pego num e abro-o ao acaso (tipo o Ashton no Butterfly effect!), releio, revivo...abro outro e outro e outro e páro. Recordar é um vício que tem de ser consumido devagar...Sinto um sabor amargo de uma gota que me escorreu pla face... Pode ser doloroso olhar pra trás, ver o que tivemos, o que perdemos... É estranho olhar para o presente e perceber que as "crises existenciais", tão características da idade do armário, ainda estão longe de acabar...(talvez daí o nome de "eterna adolescente"). Mas agora é diferente...mesmo que um pouco mais racionais são igualmente angustiantes...ja conheci tanta gente...tenho 3 ou 4 pessoas que me abrem os braços...e o sentimento de solidão e incompreensão permanece...era suposto já perceber mais disto, já lá vão 10 anos...

É tão difícil fazer amigos...

Tenho saudades das amizades que foram ficando no tempo, das pessoas com quem podia rir ou chorar sem limites nem medo, fosse por uma brincadeira ou por uma simples musica (lembras-te daquela música que nos fazia chorar?..)... tenho saudades das nossas histórias, das nossas horas de parvoeira e das conversas "sérias" em que faziamos planos felizes pra nós e pra todos...tenho saudades "daqueles abraços" sinceros, quentes e apertadinhos que recebia todas as manhas...

Tenho saudades vossas, muitas.